quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Crônica ou a História do Cotidiano


O nome é crônica, mas pode chamar de história do cotidiano. A crônica é um gênero nascido entre o jornalístico e o literário, e de ambos herdou a capacidade de refletir a sociedade e de obrigar o leitor a pensar sobre diversas questões.

Diferente da notícia e da reportagem, já que seu objetivo não é o de informar ou reportar um acontecimento, a crônica apresenta a visão subjetiva do cronista e, quase sempre, possui uma linguagem que cria um diálogo com o leitor, que explica a ele os fatos ou o questiona sobre verdades aparentemente óbvias.

Ao contrário do que se costuma pregar, as crônicas não morrem depressa, como acontece com a notícia, pois quando bem escrita e vestida com a roupagem literária, como a metáfora, a antítese e a capacidade de criar questionamentos, ela tem sua vida prolongada e, muitas vezes, imortalizada.

Além do parentesco com a literatura e o jornalismo, a crônica tem uma ligação com a história, pois foi para “gravar e contar” os grandes fatos históricos que ela foi criada. Aliás, a palavra “Crônica”, vem da palavra grega Chronos, que significa tempo. Ou seja, uma crônica está sempre ligada ao seu tempo, conectada à história daquele cronista que, de certa forma, representa a história daquela sociedade.

Falando em cronistas e falando em história tem como não pensar em Machado de Assis? Que (re)tratou tão bem a sociedade fluminense. Ou então Nelson Rodrigues que com seu humor irônico escancarou a alma brasileira. Mas se é para pensar no aqui e agora não podemos ignorar Ferreira Gullar que no alto dos seus 80 anos continua a publicar crônicas, e Luis Fernando Veríssimo, então? As mulheres são muito bem representadas por Lygia Fagundes Telles e Martha Medeiros.

A Crônica é a história recente, ainda “quentinha”, por exemplo, no blog Dias da Vida Crônicas… e Agudas as crônicas são postadas semanalmente e trazem um apanhado crítico do que aconteceu. Tudo filtrado pela lente do cronista que transforma fatos em memória escrita do que foi vivido. Por isso, há quem diga que um bom cronista é um historiador, literato e jornalista.

Crônicas: Algumas Características

Ler é sempre melhor que estudar, parafraseando Ziraldo. E ler crônicas é melhor ainda. Entretanto, não é incomum surgirem dúvidas do tipo: mas isso é uma crônica ou é um conto?

Pensando em facilitar a sua vida, adiantamos que a linha que separa – ou une – os gêneros é mínima. Mário de Andrade diz em um de seus textos “Conto é tudo o que o autor chamar de conto”, então vamos combinar que é crônica tudo o que o autor disser que é crônica, certo?

As crônicas se caracterizam por apresentar linguagem clara e espontânea. Um bom exemplo são as crônicas do Luis Fernando Veríssimo. O uso de uma linguagem mais próxima da oralidade é uma estratégia do autor para criar uma identificação com o leitor.

Existem ainda, outros pontos que podem ajudar na identificação de uma crônica: geralmente é uma narração histórica de ordem cronológica; está publicada em uma seção ou artigo especial sobre literatura de jornal ou outro periódico, inclusive online; normalmente possui uma crítica indireta; um recurso muito utilizado e o uso de ironia e de humor.

As crônicas funcionam quase que como uma fotografia das situações cotidianas, capturam o instante “aqui e agora” e o transformam, revelando ou criando novos sentidos.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Charges: Opinião e bom humor


Vamos falar de coisa boa, vamos falar de Charges?

Sempre que abro o jornal é automático: meus dedos buscam a seção de charges e só depois a página esportiva. E hoje com a internet nem preciso folhear, vou direto ao que me interessa: a página Salmonelas, onde é possível encontrar charges sobre os mais variados temas.

E por falar nisso, não podemos negar que as charges ajudam a formar opiniões, já que nos obrigam a “enxergar” um diferente ponto de vista, fazendo com que tenhamos uma nova visão a respeito de determinado assunto.

Por exemplo, alguém que ler a série “Graúna” de Henfil, além de aprender um pouco mais sobre a História do Brasil, lá por volta dos anos 70, vai entender melhor essa relação entre o nordeste e o “sul maravilha”. Por essa e outras razões, é possível ver a charge com um caráter opinativo e não apenas informativo, pois em seu conteúdo há sempre uma interpretação crítica, inteligente e irônica, independente do tema.

Por isso, confesso que sou fã desse mundo das charges, caricaturas, quadrinhos e afins, e somente após ler as charges é que estou pronto para ler o restante do jornal. Afinal, preciso da minha dose de humor para depois refletir sobre os problemas do mundo.

E quando eu falo em dose de humor, não estou diminuindo o conteúdo crítico, que é próprio da charge. Aliás, o grande trunfo dela é justamente usar a comicidade e conseguir no espaço do desenho resumir e criticar a sociedade. E os chargistas fazem isso com maestria. Basta ler Mafalda para entender a sociedade argentina sobre a qual falava Quino, se bem que a linguagem de Quino é universal, já que os problemas que a Mafalda apresenta sempre fazem parte das principais preocupações humanas.