terça-feira, 25 de outubro de 2011

Conteúdo e relevância: notícias dos famosos

É imensa a quantidade de notícias sobre os famosos sendo jogada na web todo dia. Então, como filtrar o que é, de fato, relevante?

A internet revolucionou a comunicação humana, diminuindo as distâncias. Logo, temos a impressão que tudo acontece mais rápido. Imagine um fã dos Beatles, o quanto ele teria que esperar para ver confirmada uma notícia sobre um novo disco? Hoje, fãs ao redor do mundo têm a chance de ver e compartilhar impressões quase que imediatamente e em tempo real.

É claro que essa facilidade de “espalhar” notícias acaba criando e alimentando boatos. Por isso, eu sempre que ouço ou, no caso, leio algum rumor, procuro checar as fontes, ver se é de um site confiável, se é de algum jornal, e, quase sempre, vou diretamente ao site do artista, pois nas ‘páginas oficiais’, a certeza de veracidade dos fatos é maior.

Outro problema dessa facilidade de notícias é filtrar só o conteúdo que me interessa. Por exemplo, quero ler sobre o novo filme do Woody Allen, mas não quero saber o que ele comeu no jantar. Quero saber em que time cada jogador está jogando, mas não me interesso por sua casa, ou quantas tatuagens ele tem. Consegue entender a diferença e relevância dos conteúdos?

Por outro lado, essas coisas que não me interessam podem interessar a outros fãs, e essa é a graça do “mundo virtual”. Se procurar bem se encontra de tudo, e se não encontrar, é só criar e compartilhar.

Os shows e a explosão de notícias sobre os artistas

Sempre que algum cantor internacional anuncia um show no Brasil, há um aumento considerável no número de páginas, matérias e notícias relacionadas a ele.

Todo esse falatório gera mais buchicho e mais boatos. Afinal, há fãs enlouquecidos por uma informação e qualquer notícia é maximizada e distorcida a cada “retuitada”, ou “reblogada”.

Sejamos sinceros, quem nunca procurou por noticias dos famosos? Em 2010, quando anunciaram o show do Rage Against The Machine no Festival ecológico em Itu, o SWU, começaram as especulações, muito em razão da postura da banda que flerta com o comunismo e tem um caráter agressivo em suas canções.

Outra banda que causou rebuliço quando anunciou shows no Brasil foi o Pearl Jam. Comemorando 20 anos de carreira, a banda fará várias apresentações, inclusive em Curitiba. O grupo conhecido por suas atitudes políticas e sociais está lançando um documentário sobre a trajetória, promessa de mais especulações.

Também já passaram pelo Brasil, trazendo agitação, a excêntrica Amy Winehouse e, há alguns anos, Kurt Cobain. Quanto mais “peculiar” a personalidade do artista maior será a repercussão. A dinâmica é a seguinte: ansiedade seguida de especulação, confirmação ou refutação das informações anteriores, show, especulações sobre o que aconteceu e mais especulações e assim sucessivamente.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Charge, quadrinhos e caricaturas: quais as diferenças

As charges, os quadrinhos e as caricaturas têm em comum o humor crítico. O que os diferencia é o modo como são tratados os temas.

Embora não haja uma fronteira definitiva entre os gêneros, tentaremos delimitar alguns pontos. A principal característica que une as charges, os quadrinhos e as caricaturas é o humor, que é uma maneira humana de representar e expressar situações, comumente usando distorções e exageros para demonstrar um ponto de vista.

As distorções e exageros são as principais características da caricatura. Caricaturar é deformar pontos específicos de uma situação, coisa, fato ou pessoa, mas conservando o essencial para não apagar as referências e facilitar a identificação. Geralmente em jornais, ela é usada como ilustração de uma matéria, sendo auxiliar, portanto.

Quando o fato pode ser resumido de maneira clara e inteiramente representado em uma forma gráfica temos a charge. A charge nasceu da caricatura. Um francês implicava com o governo, mas ao invés de colocar nomes ou citar fatos, ele ia ao ataque (charge em francês significa ataque) com desenhos que sintetizavam sua opinião. Ainda hoje a charge guarda agressividade, sobretudo com as situações políticas e religiosas.

Os quadrinhos talvez sejam os mais facilmente identificados, pois têm personagens e elencos fixos em uma narrativa sequencial. O tamanho do quadrinho é relativo, pode ser uma tira de três quadrinhos, uma página ou então uma revista. Nos jornais são comuns as tiras diárias mais curtas, mais parecidas com as charges.

Charges que fizeram história

Graças à sua intertextualidade e humor inerentes, as charges sempre tiveram uma presença questionadora em relação à política.

Durante os tempos ditatoriais, elas se apresentam como arma especial na luta contra a censura e as práticas autoritárias, pois o humor é, quase sempre, transgressor. Fazer piada sobre esses problemas é sempre uma maneira eficaz de se fazer pensar.

Um exemplo de chargista que usou o humor como arma foi Henfil, seus personagens Bode Orelana, Zeferino e Graúna ridicularizavam o desenvolvimento do sul maravilha e expunham a polarização do Brasil. Angeli é outro que “cutucou” os políticos, em uma charge intitulada “Lula, o metalúrgico”, na qual o artista ironiza a campanha então apelidada de “paz e amor” do ex-presidente da república.

O último presidente militar João Figueiredo se viu retratado em charge de Chico Caruso, que pintou o quadro da situação política do momento: um país assombrado pelas ligações do terrorismo de direito com o atentado à bomba no RIO Centro, em 1984.

Podemos ainda citar o recente caso da Primavera Árabe que teve como figura especial um artista brasileiro, o chargista Carlos Latuff que teve seus trabalhos reproduzidos em larga escala e empunhados como bandeiras, principalmente na Líbia e Egito.

E quem pensa que a charge é um fenômeno contemporâneo se engana. São inúmeros os desenhos encontrados ironizando reis, religiosos e mesmo um que data da revolução francesa em que Robespierre aparece se auto decapitando. Prova irrefutável de que as charges e as contestações políticas sempre andaram juntas.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Crônicas … e agudas

Caro leitor, se você já passou por este blog, deve ter percebido que gosto de ler e, principalmente, gosto de indicar leituras. Por isso, estou escrevendo esse post, para falar sobre o que li e que recomendo para que você leia também.

Sou do tipo de pessoa que lê de tudo, mas tenho preferência por gêneros mais curtos, que são em geral mais densos. Por exemplo, o poema, o conto e a crônica. Entre esses gêneros mais curtos, gosto muito de haicais que é onde o artista tem que expressar o máximo com o mínimo de palavras. Os grandes nomes brasileiros do haicai são os paranaenses Paulo Leminski e Helena Kolody, que foi a primeira mulher no Brasil a escrever haicais. Se quiser saber um pouco mais, é só dar uma “googleada”.

Contos e crônicas também me agradam muito. Contos têm aquilo de você não precisar ler mais de uma vez a mesma frase, não consigo manter minha atenção por muito tempo. O mesmo acontece com as crônicas. Gosto muito das crônicas do Rubem Braga, do Luis Fernando Veríssimo e, ultimamente, tenho acompanhado as crônicas publicadas na Gazeta do Povo, tenho gostado bastante.

O blog “Dias da Vida” também é interessante, crítica com inteligência sem ser “intelectualóide” demais, que, aliás, é um defeito que cronista não deve ter, já que as crônicas devem se aproximar do cotidiano, daquelas conversas de esquina. E, por isso, recomendo o blog e suas crônicas agudas.

Grandes cronistas, crônicas imensas

Nascida efêmera, rompeu barreiras e se tornou atemporal. Filha do jornalismo, a crônica oferece contraponto à linguagem objetiva do jornalismo.

Segundo o estudioso Antonio Candido, “a crônica não é um gênero maior", e ele mesmo completa: "graças a Deus, assim ela fica perto de nós”. Isso porque sua linguagem coloquial humaniza e cria intimidade entre o cronista e o leitor.

É nas cronicas que vemos a nossa história sendo escrita, literalmente. Afinal, a crônica, no Brasil, vem sendo praticada assiduamente desde que, o então jornalista, José de Alencar começou a publicar uma seção diária, chamada Ao correr da Pena, na qual comentava variados assuntos relacionados à vida no Rio de Janeiro e no Brasil. Do mesmo modo Machado de Assis, considerado o pai da crônica brasileira moderna, publicou crônicas durante toda a sua vida e em vários jornais.

Um fato interessante é que muitos dos nossos mais criativos ficcionistas sobreviveram das crônicas, pois, por exemplo, foram publicando mais de uma por dia, em diferentes jornais. Foi assim que Olavo Bilac se manteve durante grande parte da sua vida. O mesmo aconteceu com Caio Fernando Abreu. Talvez, por tratar da crônica como um “ganha pão”, estes autores tenham se sobressaído mais em outros gêneros, Caio Fernando como contista e Olavo Bilac como poeta.

Caso totalmente distinto é o de Rubem Braga, que talvez seja o único escritor brasileiro que obteve reconhecimento literário exclusivamente por sua produção cronística. Com uma pitada de lirismo e ironia, Rubem Braga elevou a crônica a outro nível, colocando-a ao lado do seu irmão famoso, o conto.

O certo é que Rubem Braga é da mesma linhagem de Kafka e Clarice Lispector, sendo a simplicidade apenas aparente. Assim também é a crônica de um bom cronista, a partir de uma experiência individual, de um ponto de vista, se cria e se alcança o universal.

As cidades e as bicicletas

A bicicleta é a melhor alternativa para diminuir a poluição nos centros urbanos. Entretanto, as cidades não estão preparadas para elas.

Em um mundo em que a palavra de ordem é sustentabilidade, as bicicletas se apresentam como a melhor alternativa, pois são um meio de transporte saudável, de baixa manutenção e limpo, já que não liberam poluentes. Economicamente sustentáveis, portanto.

Mesmo assim, os carros, que são responsáveis por cerca de 70% da poluição liberada todos os dias, – sem mencionar engarrafamentos, mortes em decorrência de acidentes e aumento dos níveis de stress – continuam sendo os principais beneficiados quando são necessárias mudanças relativas ao trânsito ou à mobilidade urbana.

Apesar disso, o número de pessoas que estão aderindo ao uso das bicicletas está crescendo exponencialmente. Porém, os mais conscientes esbarram na falta de preparo das cidades. Ruas esburacadas, inexistência de ciclovias e ciclofaixas, ausência estacionamento para bicicletas, além da falta de “educação” dos motoristas são os principais obstáculos enfrentados pelos ciclistas.

Por isso, a criação de ciclovias é imprescindível. Ou mesmo a implantação de ciclofaixas, embora apenas em caráter emergencial. A diferença básica entre uma ciclovia e uma ciclofaixa é que, na segunda, os ciclistas dividirão espaço com os motoristas ou motociclistas, não havendo uma barreira física que os separe. Diferente das ciclovias que são espaços destinados somente para as bicicletas, sendo, portanto, mais seguras.

No Brasil, poucas cidades estão preparadas para atender os ciclistas, muito em razão das falhas do sistema viário como um todo. Felizmente, há uma mudança no ar. Prova disso é a ampliação das ciclovias da Cidade de São Paulo que passaram de 15 para 45 km. Ainda é muito pouco, mas já sinaliza uma mudança de pensamento e postura.

Repercussão do dia mundial sem carros

No dia 22 de setembro, é comemorado o dia mundial sem carro, um projeto que promove a reflexão sobre usos alternativos de locomoção e o uso consciente de carros nas cidades. O objetivo primordial do movimento é conscientizar cada vez mais pessoas a respeito da importância da sustentabilidade.

Nascido na França, em 1998, o dia mundial sem carros chegou ao Brasil em 2001, quando 11 cidades aderiram ao movimento. Em 2011, praticamente em todas as cidades houve algum tipo de manifestação, embora a maioria dos casos tenha surgido de maneira espontânea através de organizações civis.

Em outras situações, entretanto, houve engajamento por partes das autoridades, como foi o caso do prefeito de Londrina (PR), Barbosa Neto, que deixou o carro oficial na garagem e foi trabalhar de bicicleta. A cidade ainda teve ruas onde se proibiu a circulação de carros e passeatas pedindo conscientização sobre um trânsito mais seguro.

Ainda no Paraná, em Maringá, um grupo de ciclistas organizou a “bicicletada”. Já na capital do estado, Curitiba, cidade modelo em sustentabilidade e que tem, desde 2004, uma lei que sanciona esse dia comemorativo na cidade, não houve qualquer manifestação por parte do governo municipal. Mesmo assim, ciclistas saíram às ruas pedindo por construção de ciclovias. Em Foz Do Iguaçu, terra das cataratas, o trânsito foi impedido em duas avenidas do centro e houve uma passeata realizada pela população.

O Rio de Janeiro foi a cidade na qual mais medidas oficiais foram tomadas para promover adesão ao dia mundial sem carro. Entre as principais, o destaque vai para a proposta da elaboração de um ônibus preparado para atender melhor os idosos e pessoas com deficiências. Além disso, o trânsito foi impedido em algumas ruas próximas ao centro da cidade e o estacionamento proibido em diversos pontos.

Embora a repercussão, de modo geral, tenha ficado aquém da desejada, e o engajamento por parte das autoridades tenha sido mínimo, o fato de as organizações civis terem conseguido mobilizar a população para ir às ruas já é um ponto positivo. Afinal, as maiores revoluções e mudanças sempre vieram de baixo para cima, ou seja, do povo, e só depois as autoridades se adaptaram.

Estamos no caminho certo e vamos longe. Assim espero, e você?!